São-paulinos, nesta altura do campeonato temos o que comemorar. Enfim, a classificação para a Libertadores. Com a remota chance de segurarmos a decisão do Brasileiro por mais uma rodada, não podíamos esperar outra coisa do São Paulo ontem. Muricy precisava poupar titulares com o foco na Copa Sul-americana.
Mas confesso que mesmo com o time reserva, o futebol apresentado ontem me incomodou. Principalmente pela falta de disposição, de garra e de vontade que os jogadores transpareceram durante toda a partida. Mesmo com Pato em campo, ou com a entrada de Luís Fabiano, pouco foi feito. No geral, o time estava desencontrado. Não se via entrosamento e foram inúmeras as falhas no ataque e na defesa, deixando o jogo feio de se ver.
Após a rodada de ontem, precisamos reconhecer a excelente campanha do Cruzeiro, que demonstrou garra e equilíbrio durante toda a competição. Mas, como são-paulinos, também precisamos avaliar o que faltou para este título ser nosso.
Sei que após o desempenho do ano passado, quando estivemos bem abaixo na tabela, inclusive com ameaças de rebaixamento, o segundo lugar em um campeonato tão competitivo e imprevisível como o Brasileiro é um grande trunfo. Entretanto, chegamos perto, tivemos a liderança em nossas mãos e por diversas vezes deixamos escapar.
Para mim, o principal responsável pelo nosso “quase” foi o desequilíbrio – tanto tático quanto emocional. A chegada de Muricy ao time e os reforços no ataque prometiam a volta do nosso São Paulo áureo, guerreiro e vencedor. Mas chegamos ao fim do campeonato sem que o elenco se ajustasse como devia.
Em primeiro lugar, desde o início do campeonato, a zaga não passou confiança. Mal posicionada, lenta e com tiradas de bola um tanto desastrosas, o que prevaleceu na nossa defesa foi o sufoco. Por diversas vezes nos livramos da derrota graças à atuação de Rogério Ceni.
Ajustado o ataque, com a formação do quarteto Kaká, Alan Kardec, Alexandre Pato e Ganso, tivemos dificuldade em manter o nível quando um destes desfalcava o time. E quando tudo parecia estar bem, quando chegamos ao melhor momento no campeonato, o São Paulo passa por turbulências administrativas, que, ao meu ver sim, contribuíram para a mudança na postura do elenco dentro de campo.
Vencemos o Cruzeiro em um confronto direto, decisivo para a liderança. Mas com lambanças da diretoria, o time voltou a atuar de forma irregular. Tivemos grandes lances neste campeonato. Jogos eletrizantes para, três dias depois atuarmos de forma apática e sem brilho. Assim, cada empate cedido e cada vitória desperdiçada cobraram seu preço na conta final do campeonato.
É certo que o ano ainda não está perdido. Com tantos altos e baixos, garantimos a classificação na Libertadores e ainda estamos vivos na Copa Sul-Americana. Mas espero, independentemente dos rumos que esta última competição pode chegar, que nossos pontos fracos sejam trabalhados para voltarmos a erguer taças no ano que vem.